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Escola espaçotempo de atravessamentos de imagens: diálogo entre fotonakirigrafias e narrativas imagéticas de estudantes negros/as maranhenses.

Atenção: projeto em processo de arranjo!!!

 

Por meio de algumas categorias de pensamento - sobre as bases filosóficas da linguagem de Mikhail Bakhtin (1895 - 1975), dos Estudos do Cotidiano (CERTEAU, 1998) e dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais (GILROY, 2001; BHABHA, 1998, 2011; FANON, 2008; HALL, 2003) - que representam uma perspectiva de conhecimento afrodiaspórico e do Sul Global (SANTOS, 2010), apresento um caminho possível de compreensão de escola no Maranhão. Tanto essa proposta de pesquisa de doutorado, quanto as imagens de pensamento, são configurações nascidas no diálogo com a produção fotográfica dos sujeitos de minha pesquisa de mestrado, em Guiné Conacri, África, e por ela influciadas. A fotografia - como um campo de imagens/histórias - tem sido, desde então, considerada como potente promotor de deslocamentos imaginativos de um determinado tema, nesse caso de um espaçotempo escolar. Assim como a “palavra” é para Bakhtin (2006) um signo ideológico constituído pelo diálogo entre muitos sentidos, uma fotografia também tem sido considerada nessa reflexão sobre/com escola um campo de diálogo entre muitas imagens/histórias. Portanto ela é aqui um relevante objeto que retrata tanto uma enunciação/narrativa do sujeito que a produz quanto um território de interação entre enunciações porque tem sido percebida ética e esteticamente como um território de passagens, travessias e negociação cultural, de diferentes histórias, diversos saberes e conhecimentos. A imagem da "travessia", tal qual a da palavra para Bakhtin, como território comum do discurso e do contra-discurso – e do diálogo, portanto – me impele, ética e esteticamente, tanto à minha travessia de volta ao Maranhão para a realização dessa pesquisa de doutorado, quanto à travessia das fotografias produzidas pelos/as estudantes guineanos ao Maranhão - para um diálogo sobre África e sobre escola com estudantes negros/as maranhenses – considerando as aproximações culturais ainda existentes entre os povos da Alta Guiné e os do Maranhão (BARROSO JÚNIOR, 2009). Dessa forma, a travessia me encaminha para uma compreensão de objeto estético construído pelas tensões entre quem com e sobre ele dialoga.

 

 

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem: problemas fundamentais do método sociológico da linguagem. 12. ed. São Paulo: Hucitec, 2006.

BARROSO JÚNIOR, Reinaldo dos Santos. Nas rotas do atlântico equatorial: tráfico de escravos rizicultores da Alta-Guiné para o Maranhão (1770-1800). Dissertação de mestrado em História pelo Programa de Pós-Graduação em História, Universidade Federal da Bahia, 2009.

BHABHA, Homi K. O local da cultura. Trad. Myriam Ávila, Eliana Lourenço de Lima Reis, Gláucia Renate Gonçalves. Belo Horizonte: Ed. UFMG, 1998.

______. O bazar global e o clube dos cavalheiros ingleses. Eduardo Faria Coutinho (org.). Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

CERTEAU, M. De. A Invenção do Cotidiano: artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 1998.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. Trad. Renato da Silveira. Salvador: EDUFBA, 2008.

GILROY, Paul. O Atlântico Negro: modernidade e dupla consciência. Tradução de Cid Knipel Moreira. São Paulo: Ed. 34. Rio de Janeiro: Universidade Cândido Mendes, Centro de Estudos Afro-Asiáticos, 2001.

HALL, Stuart. Da diáspora: Identidades e mediações culturais. Belo Horizonte: Editora UFMG; Brasília: Representação da UNESCO no Brasil, 2003.

SANTOS, Boaventura de S. Para além do pensamento abissal: das linhas globais a uma ecologia de saberes. In: SANTOS, Boaventura de Sousa; MENESES, Maria Paula (orgs.). Epistemologias do Sul. São Paulo: Cortez, 2010.

MESTRADO

 

Nakirigrafias como potencializadoras de compreensão da escola em/a partir de Guiné Conacri/África

 

 

Minha dissertação de mestrado apresenta uma pesquisa cuja reflexão principal transborda a existência de um jogo de relações/interações muito significativo que compõe a vida, mais especificamente a vida no espaçotempo da Escola III na cidade de Forecariá, República da Guiné, África. Esse jogo - entre as políticaspráticas coordenadas e exercidas pela/na escola a partir da narrativa oficial/colonial que dela se cria, e as políticaspráticas que sinalizam as formas com que os sujeitos da vida cotidiana (estudantes, professores, diretor e comunidade) compreendem o mundo - por muitas vezes desloca nossas certezas sobre a escola em África e no Brasil, e nos oferece outras escolhas para pensar a educação escolar e a produção de conhecimento em Ciências Humanas. O que esse trabalho apresenta é produto de encontros e experiências, principalmente de diálogo entre o pesquisador e os/as 12 estudantes, meninos e meninas do 4º ao 6º ano do Ensino Fundamental da escola em questão, campo direto da pesquisa. A fotografia mediou o nosso encontro principal. É principalmente através de imagens fotográficas produzidas por esses sujeitos durante 30 dias dentrofora de sua escola, e a partir dela - por meio de uma oficina de fotografias realizada em seu interior - que começo a compreender as engenhosidades que constituem esse jogo. Tida como uma criação estética, política e cultural – por ser uma forma de linguagem - onde os sujeitos negados pela racionalidade hegemônica como produtores de conhecimento e cultura se enunciam e apontam a falibilidade da política moderno colonial, as imagens fotográficas produzidas pelos/pelas estudantes constatam um diálogo entre vozes/enunciações, políticaspráticas diferentes que ‘habitam’ a escola e, assim, nos propõe deslocamento e travessias – político-epistemológicas – para compreendê-la. Nesse sentido, as fotografias são aqui chamadas de nakirigrafias porque são enunciações de nakirikai, ou seja, “dos de outros lados que estão em constante movimento, trânsito, travessia e deslocamento”, como nos sugere a tradição de um dos primeiros povos que passaram a habitar a península que hoje se chama Conacri, a capital da Guiné. Através de uma estratégia teórico-metodológica construída principalmente a partir dos estudos do Cotidiano, dos Estudos Culturais e Pós-Coloniais, e da Filosofia da Linguagem de Mikhail Bakhtin, busco compreender esse jogo que, em experiência anterior em Guiné, já havia me afetado e me chamado à atenção.

 

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